Overture - Asas
Escolheu, sem hesitação, das centenas de peças apresentadas no mostruário, uma Glock 22.
Sentiu o peso, acompanhou levemente o desenho das linhas com os dedos pequenos e mesmo infantis.
Carregou o pente com apenas três balas.
Dirigia o carro com a serenidade e placidez da lua que estava no céu, e despontava imensa e senhora da noite que começava.
Achou o lugar que procurava. Seus passos eram sutis e efêmeros, o tempo era seu domínio hoje, e deixara há muito os grilhões que a mantiveram cativa por tantos anos.
As águas silenciosas refletiam todas as luzes do firmamento. Um tributo diáfano ao ato que presenciavam.
Como um vislumbre , ela os avistou.
Apenas três estampidos e o mundo voltou a seu passo cotidiano e ruminante.
O primeiro acertou em cheio o coração cinza de medo.
O disparo que seguiu, atravessou muralhas, véus, cortinas e paredes, despedaçando as máscaras da indiferença.
O último projétil, infalível e determinado, dilacerou as entranhas de inércia da hipocrisia.
E tal um risco calculado, ricocheteou duas vezes na parede da fortaleza e esbarrou na torre da confiança, derrubando tijolos e cimento, e raspou uma das asas da inocência.
Um deles caiu. O outro alçou um vôo de prata, com as asas ensanguentadas.
Ela guardou a peça de cerâmica dentro da alma que pulsava. O confronto chegara a termo.
Dois olhos amarelos estariam aguardando seu retorno.
Tudo tem um preço.
________________________________________________________
E tudo recomeça, mais mundana, menos lírica, mais humana, menos inatingível, mais sentir, menos devaneio.
Mais escolha, mais caminho.
Bem vindos ao primeiro dia do resto das nossas vidas.
Sentiu o peso, acompanhou levemente o desenho das linhas com os dedos pequenos e mesmo infantis.
Carregou o pente com apenas três balas.
Dirigia o carro com a serenidade e placidez da lua que estava no céu, e despontava imensa e senhora da noite que começava.
Achou o lugar que procurava. Seus passos eram sutis e efêmeros, o tempo era seu domínio hoje, e deixara há muito os grilhões que a mantiveram cativa por tantos anos.
As águas silenciosas refletiam todas as luzes do firmamento. Um tributo diáfano ao ato que presenciavam.
Como um vislumbre , ela os avistou.
Apenas três estampidos e o mundo voltou a seu passo cotidiano e ruminante.
O primeiro acertou em cheio o coração cinza de medo.
O disparo que seguiu, atravessou muralhas, véus, cortinas e paredes, despedaçando as máscaras da indiferença.
O último projétil, infalível e determinado, dilacerou as entranhas de inércia da hipocrisia.
E tal um risco calculado, ricocheteou duas vezes na parede da fortaleza e esbarrou na torre da confiança, derrubando tijolos e cimento, e raspou uma das asas da inocência.
Um deles caiu. O outro alçou um vôo de prata, com as asas ensanguentadas.
Ela guardou a peça de cerâmica dentro da alma que pulsava. O confronto chegara a termo.
Dois olhos amarelos estariam aguardando seu retorno.
Tudo tem um preço.
________________________________________________________
E tudo recomeça, mais mundana, menos lírica, mais humana, menos inatingível, mais sentir, menos devaneio.
Mais escolha, mais caminho.
Bem vindos ao primeiro dia do resto das nossas vidas.
5 Comments:
O que dizer, né? Que se abram os novos caminhos! Seja bem vinda e boa partida!
beijins
Cris
Moça linda, Obrigada!
Por mais do que caberiam em palavras. Tem ventos bons soprando gentilmente nos caminhos.
É bom poder ler suas palavras mais uma vez, moça. :)
Nicaaaaaaaaaaaaaaaa!
É bom estar de volta! Saudades de você!
atrasado mas aqui está... boa viagem !
Eu era um dos confessos (talvez o único) viajador incidental daquele alheamento, perdido no tempo e no espaço (pelo menos nos meus). Também confesso, que a versão mais terrena (ou mais mundana, como vc preferir) me dá mais substância "paupavel" pra sentir menos saudades.
Gostei da volta... keep going !
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